vai, caminha por entre linhas que se entrelaçam com estrelas
e devagar enxerga a noite que se envaidece com a lua
que mingua de tanta saudade daquilo que não viveu durante o dia.
tudo havia mudado
a areia cobrira as pedras por completo
e o mar subira até nossos pés
trazendo pequenas pedras
pedaços de búsios aos montes
o sol nos queimava a pele
com carinho de mãe e
assim a praia seguia uma tarde de calmaria
Meu coração dança bolero em teus braços.
A cidade está quente.
Sem vento,sêca como uma pedra em pleno sertão.
Anarquistas invadem a rua e
brigam por um mundo de sonhos.
Ilusão? Talvez.
A poesia vive em cada sonho
e despertá-lo pode ser perigoso.
É possível que queiram te censurar.
Então apressa e termina logo o que queres.
O dia amanheceu escuro
e mesmo que o sol tenha permanecido
a maior parte do tempo no alto
tudo estava escuro.
tentei me distrair
trabalhar, apenas contemplar
mas tudo em vão.
Apenas a lembrança a latejar.
Saudade do que não foi.
Vai vida
segue teu caminho entre nuvens e sonhos
fluindo com o vento que quiser soprar...

me distraio e percebo que tudo mudou...
Mais uma vez me encontro com o Tempo
e pergunto se tudo não passou de incertezas.
Busco respostas para os mais absurdos sonhos
e simplesmente ele se recusa a responder!
Apenas me diz com toda calma do mundo:
Tudo tem o seu tempo...
O sol abriu pra iluminar o dia
e mesmo entre a chuva,
ele brincou de protejer o tempo.
E o dia ficou florido.
me despedaço.
fragmentos em mil partes,
localizo em cada instante
em cada segundo
que parte
confuso espaço.
sou entre intervalos
um espelho
quebrado
e repartido em mil partes.
mosaicos de ventania,
harpejo de calmaria,
cada passo, um pedaço.
Morreu uma feiticeira
Senhora das panelas
das moquecas de mãos cheias...
Parece segredo.
Sinto a brisa suave bailando em meu rosto.
Apenas vivo.
Um dia , dois dias,três...
É isso! Viver é isso.
Um dia , dois dias, três...
Para acompanhares é só viver.
Um dia , dois dias, três...
Igual amarelinha.
Vai!
Um dia...
Em meio ao turbilhão em que me encontro
fujo para um deserto de pensamentos.
Acordo ao meio dia e
reconheço pelo menos meus olhos...
Minhas pernas correm atrás de braços,
que perdidos, tentam falar o que não podem.
Lábios,não existem mais.
Calaram-se por instantes intermináveis...
Vez ou outra assobiam um desafino tormento
onde a pele inteira rasga-se pela fadiga.
A existência presa na garganta.
É verdade...
ouço o vento brincar com a janela.
sinto frio.
minha alma transborda melancolia.
tenho apenas as palavras.
contidas,
escondidas no fundo da sala.
palavras vulcânicas.
A poesia sou eu mesma
olhos grandes tristes sorridentes
que por vezes mesmo descontete
espera a tristeza passar
e volta a sorrir...
mesmo que seja a todo instante,
numa profusão de sentimentos
numa tempestade de momentos
vivo intensamente o que vier a ser.
me mostro me desnudo me entrego
me deixo levar.
reconheço,
mesmo metamorfoseando o universo
sou poesia incompleta
de palavras nada resta,
só meus olhos não podem calar
Eu transito entre a imensidão dos desejos
Entre o sim e o não e toda a permissividade da vontade.
Eu transito na ludicidade dos sonhos
burlando barreiras de conciência
e estrapolando a moral.
Eu transito por todo canto.
Onde passo,
deixo flores e espinhos
deixo laços de carinhos
deixo o meu abraço.
Eu transito na construção da vida
refazendo a cada dia um novo dia.
Tentativa e erro
Acerto quando não desejo.
Eu sou o tempo que passa.
Eu fico a contemplar o horizonte que se torna tão distante
E a cada instante todos os momentos passam por minha mente.
Visualizo-os e perco o sentido de cada imagem.
Penso que enlouqueço, que não me resta nada...
Estou errada.
No fundo do poço sinto que tem água e que posso me recuperar.
Posso me alimentar de água,
Comer as folhas podres que se encontram na lama
Matar a sede.
Vestir-me de lama
E passear pela mata acompanhada de alegria.
É vivo, meu coração.
Caminho pela estrada
E reconforto os mistérios no horizonte.
Meu caminho é de paz.
O amor padeceu num jardim misterioso.
E meu coração varre desesperado
Cada detalhe de intrépidas paixões.
Lavo com vassouras de penas brancas
A festa solitária dentro dele mesmo.
Meu coração
Está em festa.
Que horas trazes teus olhos
pra responder o que sinto
sem impedir que o labirinto
me prenda mais.

vou roubar-te um beijo e a boca inteira
teu corpo e teus desejos
acariciar a madrugada e ver o sol dormir
como qualquer um, ao meio dia.
come-lo por inteiro de noite e de dia
sem refresco de maracujá
apenas o azeite pra temperar a carne
e dar mais sabor à fantasia.
Li isso hoje e quero guardar pra mim:

"Quando a gente quer, metade já está pronto."
a vida se resolve, é só vivê-la
um homem, ao meio dia, caminha pela estrada.
a passos largos, vem pelo meio de mansinho,
risca o chão e não esquece de ser o cidadão
que vai pra missa festejar.
embrutecido, o capiau parte para a luta
do próprio sangue só lhe resta
o pão que amassa pra fazer da força
a raça e enfrentar a fome.
desespero, angustia, delírio,
é assim que vive esse filho,
de um deus nosso senhor.
traçado por um caminho,
cercado de secos espinhos
sente na vida errante,
a procura o sentido de toda essa dor.
A feicidade só é artificial quando a gente espera por ela.
" O tempo é escasso -
mãos à obra,
para cantá-la -
em seguida.
Os tempos estão duros
para o artista:
Mas,
dizei-me,
anêmicos e anões,
os grandes,
onde,
em que ocasião,
escolheram
uma estrada
batida?"

Vladimir Maikóvski
O sol aparece de mansinho quando chega o meio dia e logo vai embora por não ter o que falar.
Deixa chover
deixa muito cair todas as águas
quero derramar todo meu céu
me encharcar por dentro
chorar todas as lágrimas
minha casa, meu eu, meu mar
deixa
verde azul cinza do mar
vejo a chuva aproximar-se de mansinho
possuída pelo grito alegre do trovão
ouço a melodia das gotas que pairam no céu bailarinas serpentinas
sinto o vento forte que balança os cachos das árvores meninas
cheiro a terra molhada marcada pelo perfume do mar
saboreio o frio das águas vindas do céu...
e danço com elas.
descobertas de um desconhecido além,
no espaço entre o sim e o não,
vidas distintas entre o tempo,a chuva, o vento.
Nuvens apressadas passeiam pela estrada
montanhas invisíveis aparecem no horizonte
Estrelas cercam o norte
Eu me cerco de poemar.
Se ter,
contém.
Se dar,
além.
Se quer,
vai ser,
instante e só.
Se caos, melhor.
Se cais, talvez.
me recupera todos sentidos
do hemisfério desnorteado
evolve em mantas do passado
diverte estrelas e esconderijos
silvestre estrada de cada dia
percorre malamanhado por
dentro descalço cinzento
perfurando as narinas
sem referência do vento
me desfaleço por dentro
entre noites e dias vindouros
passeio pela floresta cidade aberta
construindo caminhos perdidos no tempo
não tenho medo do escuro
parto em busca da luz
decido se as pedras surgirão aqui ou ali
penetro no meu sangue e percorro todo o planeta
assobio
as flores brotam como se fossem primavera
o sol acorda de mansinho e vejo o dia raiar
reinado de luz branca e amarela passeando em meu jardim
eu quero acordar de novo
preciso dormir pra acordar de novo e ver o dia raiar em sua majestade
e todas as manhãs eu vou dormir para acordar de novo e de novo de novo denovo...
uma maldição bendisan pra iluminar o dia.



e eu de tão pequena pantomima


ao caminhar na noite clara lua


vista iluminada sempre calma


ria do vento em compasso


com o tempo

O vento forte que balança folhas desembaraça meus pensamentos.
Palavras soltas ao vento são recuperadas a cada segundo.
Não tenho tempo. Tenho pressa. Tenho vontade de furacão.
Quero comer por dentro tudo que me aparece
palavras, sentimentos, poesia...
Cozinhar um a um com minha saliva ardente.
Degustar o mundo a fundo.

Pro cura

"O Olhar sempre procura o que não pode ver."

Vou encontrar os meus...
" O amor é o estado no qual o homem vê as coisas quase totalmente como não são."

Nietzsche
Em meu sonho, flores brancas cobriam todo o meu pensamento.
Uma luz muito forte e borboletas amarelas tomavam conta do etéreo.
E eu estava a contemplar o mar...

Acordei em calmaria.

Nessas mal traçadas linhas
percorro o caminho
mais reluzente
que imagino conduzir.
Ora tremulo na corda bamba,
Ora me acalmo a contemplar o mar.
Traço caminhos na embriagues do momento
e reconheço em meus passos,
O natural
e descoberta
o instinto
o desconhecido
o mundo...
A beleza está no quotidiano do universo.
Porto da Barra...













































num movimento rápido
um sentimento puro
o menino salta na areia
não perguntando nada,
apenas pegando
o que lhe é de sustento.
uma lata.

de lata em lata,
enche um saco gigante.
e de lata em lata, passa por
toda gente,
levantando areia,
tocando no mundo com mãos,
meladas
de lata.

pede socorro...grita,perturba, abraça,
parece um louco no meio
da praia,
infernizando a quem
não presta atenção em sua arte.
seu
desejo de arte.
sua solidão.

"Pois com sua sabedoria e coragem,
mostrou que com uma rosa
e o cantar de um passarinho
nunca neste mundo se está sozinho..."

Salve Jorge!
Okê!
Há momentos em que as palavras enganam a alma e
subvertem os sentimentos.


As pedras por onde piso não figuram ondas mortas.
Partem, quebram, molham-se entre festividades,
respiram a escuridão e a claridade.
O silêncio agora é meu companheiro mais saudável.
Vejo nuvens que clareiam o horizonte,
bailando como dragões que se enamoram.
Olho a terra e sinto meu coração.
Tremo com a velocidade da força que vem de dentro.
Sinto o vento. Que felicidade!
O mar invadiu minha casa, meus sonhos,
acalmou o espírito com ondas de calor,
Fez bagunça e depois arrumou,
o coração,
deu fôlego pra respirar
fez festa e me convidou
pra lavar a alma entre o silêncio.