A feicidade só é artificial quando a gente espera por ela.
" O tempo é escasso -
mãos à obra,
para cantá-la -
em seguida.
Os tempos estão duros
para o artista:
Mas,
dizei-me,
anêmicos e anões,
os grandes,
onde,
em que ocasião,
escolheram
uma estrada
batida?"

Vladimir Maikóvski
O sol aparece de mansinho quando chega o meio dia e logo vai embora por não ter o que falar.
Deixa chover
deixa muito cair todas as águas
quero derramar todo meu céu
me encharcar por dentro
chorar todas as lágrimas
minha casa, meu eu, meu mar
deixa
verde azul cinza do mar
vejo a chuva aproximar-se de mansinho
possuída pelo grito alegre do trovão
ouço a melodia das gotas que pairam no céu bailarinas serpentinas
sinto o vento forte que balança os cachos das árvores meninas
cheiro a terra molhada marcada pelo perfume do mar
saboreio o frio das águas vindas do céu...
e danço com elas.
descobertas de um desconhecido além,
no espaço entre o sim e o não,
vidas distintas entre o tempo,a chuva, o vento.
Nuvens apressadas passeiam pela estrada
montanhas invisíveis aparecem no horizonte
Estrelas cercam o norte
Eu me cerco de poemar.
Se ter,
contém.
Se dar,
além.
Se quer,
vai ser,
instante e só.
Se caos, melhor.
Se cais, talvez.
me recupera todos sentidos
do hemisfério desnorteado
evolve em mantas do passado
diverte estrelas e esconderijos
silvestre estrada de cada dia
percorre malamanhado por
dentro descalço cinzento
perfurando as narinas
sem referência do vento
me desfaleço por dentro