Em meio ao turbilhão em que me encontro
fujo para um deserto de pensamentos.
Acordo ao meio dia e
reconheço pelo menos meus olhos...
Minhas pernas correm atrás de braços,
que perdidos, tentam falar o que não podem.
Lábios,não existem mais.
Calaram-se por instantes intermináveis...
Vez ou outra assobiam um desafino tormento
onde a pele inteira rasga-se pela fadiga.
A existência presa na garganta.
É verdade...
ouço o vento brincar com a janela.
sinto frio.
minha alma transborda melancolia.
tenho apenas as palavras.
contidas,
escondidas no fundo da sala.
palavras vulcânicas.
A poesia sou eu mesma
olhos grandes tristes sorridentes
que por vezes mesmo descontete
espera a tristeza passar
e volta a sorrir...
mesmo que seja a todo instante,
numa profusão de sentimentos
numa tempestade de momentos
vivo intensamente o que vier a ser.
me mostro me desnudo me entrego
me deixo levar.
reconheço,
mesmo metamorfoseando o universo
sou poesia incompleta
de palavras nada resta,
só meus olhos não podem calar
Eu transito entre a imensidão dos desejos
Entre o sim e o não e toda a permissividade da vontade.
Eu transito na ludicidade dos sonhos
burlando barreiras de conciência
e estrapolando a moral.
Eu transito por todo canto.
Onde passo,
deixo flores e espinhos
deixo laços de carinhos
deixo o meu abraço.
Eu transito na construção da vida
refazendo a cada dia um novo dia.
Tentativa e erro
Acerto quando não desejo.
Eu sou o tempo que passa.